Participantes do setor ferroviário

O sistema ferroviário que conhecemos atualmente é o resultado da participação de diversas empresas e instituições públicas e privadas que, após as disputas e consensos, definiram o planejamento das infraestruturas de transportes, os rumos dos investimentos e as velocidades das obras. A organização, o uso e a expansão das ferrovias no país dependem de uma grande quantidade de interesses (ver quadro), que muitas vezes são divergentes ou conflitantes entre si.

AgenteObjetivos gerais
EstadoAumentar a balança comercial através da exportação de commodities agrícolas e minerais
Agências reguladorasMelhorar a eficiência do sistema ferroviário e a transparência da prestação de serviços
Concessionárias de ferroviasAumentar a eficiência operacional e o lucro; transportar suas próprias cargas
Setor do agronegócioConstruir novas ferrovias em áreas produtoras de soja e milho
CidadesAtrair usuários de ferrovias (armazéns e indústrias); minimizar conflitos decorrentes das passagens dos trens
EmbarcadoresReduzir o custo de transporte
InvestidoresGarantir o retorno sobre o investimento
Indústria ferroviáriaFornecer material rodante e prestação de serviços
ConstrutorasConstruir ferrovias
Associações de preservação ferroviáriaResguardar o acervo das antigas companhias RFFSA e Fepasa
ChinaGarantir a oferta de soja e minério e fornecer material rodante e trilhos

Dentre as instituições públicas que participam diretamente no planejamento, construção e fiscalização das ferrovias, é possível destacar o Ministério dos Transportes, além da Ministério do Meio Ambiente, Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A*.

O setor privado participa ativamente na formulação das políticas de transportes através da Associação Nacional dos Transportes Ferroviários (ANTF), que representam os interesses das concessionárias, e Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga (ANUT), que reúne os embarcadores ou donos das cargas.

Outro grupo muito interessado na expansão das ferrovias no país está relacionado ao fornecimento de equipamentos e serviços ao setor ferroviário. As empresas estão representadas pela Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer) e Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (Simefre).

A preservação da memória ferroviária é realizada, principalmente, por entidades nacionais, regionais e locais como a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF). O grande acervo de material ferroviário existente, guardado em dezenas de pátios ferroviários distribuídos pelo país, está sob responsabilidade destas associações sob autorização do DNIT.

Há outros interessados no desenvolvimento do setor ferroviário, envolvendo instituições financeiras, Fundos de Pensão, Tradings, empresas de consultoria e engenharia, construtoras e operadores logísticos. Algumas cidades, localizadas em regiões produtoras de commodities agrícolas ou próximas de portos exportadores, também se articulam para atrair investimentos para a construção de terminais ferroviários.

A diversidade de interesses e a complexidade das relações entre todas as instituições envolvidas ajudam a explicar a dificuldade ou a demora na liberação dos recursos públicos destinados à construção de novas ferrovias. É importante considerar, também, que estas infraestruturas de transportes são muito estratégicas para os grupos econômicos que monopolizam os grandes fluxos de produtos no território nacional. Portanto, verifica-se uma enorme disputa entre estes grupos para utilizar e controlar estes sistemas de transportes considerados mais eficientes.

Para entender o setor ferroviário é necessário estudar e analisar o papel e o posicionamento de todos os envolvidos no planejamento, construção, fiscalização e operação das ferrovias. Um dos principais protagonistas na organização deste setor é o BNDES.

  • Os nomes dessas instituições públicas podem ser diferentes, pois mudaram ao longo dos últimos governos