Gargalos logísticos

As discussões sobre novos investimentos em sistemas de transportes estão sempre relacionadas à necessidade de eliminar ou minimizar diversos gargalos existentes em várias partes do país. O termo gargalo logístico é muito utilizado atualmente, mas a realidade que ele representa é muito antiga. Quando fluxos de produtos ou pessoas não estão adequados de acordo com determinadas referências, os pontos de estrangulamento passam a ser considerados gargalos.

Esta é uma realidade presente em vários países, envolvendo todas as modalidades de transportes, seja para transporte de cargas como de passageiros. As restrições existentes podem estar relacionadas a limitações infraestruturais ou normativas. Como as necessidades dos países estão sempre em transformação, a organização dos territórios é constantemente alterada para eliminar os obstáculos que impedem ou limitam o fluxo de mercadorias, pessoas, informações e capitais.

Gargalo logístico é um conceito muito utilizado nos discursos para justificar os investimentos em sistemas de transportes mais eficientes, como as ferrovias. O assunto está muito limitado aos fluxos de produtos mais significativos, principalmente de commodities agrícolas e minerais. É historicamente localizado e tem prazo para ser eliminado. Quando um gargalo é equacionado, um outro é colocado no topo da lista de prioridades. Os gargalos podem ser verificados em todas as regiões do país, mas apenas alguns são efetivamente resolvidos.

No setor ferroviário, a prioridade das concessionárias no início das concessões estava relacionada às interferências das linhas férreas nos perímetros urbanos, que limitavam a velocidade dos trens. A solução foi construir alguns contornos ferroviários, tais como os de Araraquara (SP) e Três Lagoas (MS). Outros ainda aguardam o início ou a conclusão das obras, como os contornos das cidades de Joinville (SC), São Francisco do Sul (SC), Ourinhos (SP), Divinópolis (MG), Jaraguá do Sul (SC). O mais esperado de todos é o Ferroanel, na região metropolitana de São Paulo.

As velocidades dos trens no país ainda são muito baixas devido a outras limitações infraestruturais, tais como dificuldade de integração da malha antiga com a nova, baixa qualidade da malha existente (traçado e manutenção), qualidade duvidosa da malha nova recentemente construída e centenas de passagens em nível ainda sem sinalização.

Mas os gargalos logísticos mais difíceis de solucionar são os de caráter normativo ou que tratam das relações entre os agentes participantes do setor ferroviário. Há diversas questões não resolvidas, que atrapalham ou prejudicam o funcionamento das ferrovias. São eles: contratos de concessão que privilegiam a operação do sistema e não a prestação de serviços, monopólio no controle e operação do sistema e dificuldade de acordos sobre direito de passagem e tráfego mútuo.

Os gargalos apresentados colaboram negativamente para a construção de um sistema ferroviário integrado, voltado para a prestação de serviços, atendendo de forma mais ampla outros setores econômicos e transportando uma maior variedade de produtos.

Passagem em nível em Sumaré (SP)