O patrimônio ferroviário no país é muito grande e está disponível em todos os estados em que a Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA) atuava. No estado de São Paulo, centenas de municípios atendidos pela antiga Ferrovia Paulista S.A. (Fepasa) também possuem extenso patrimônio disponível. A melhor maneira de conservar este patrimônio histórico, formado por estações ferroviárias, material rodante e obras de arte (pontes e viadutos), é através da criação de trens turísticos.
Atualmente, há no país 17 trens turísticos e culturais operando regularmente, localizados nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Com extensão total de 500 km de linhas, estes sistemas transportaram em 2017 aproximadamente 1,7 milhão de passageiros.
De todos os sistemas disponíveis, quatro concentram 82% do total de passageiros transportados. O Trem do Corcovado, no Rio de Janeiro, foi inaugurado em 1884 e transportou em 2017 mais de 700 mil turistas em direção ao Cristo Redentor (REVISTA FERROVIÁRIA, 2017). O sistema de cremalheira permite subir os 3.829 metros de trilhos em rampa acentuada com muita facilidade.
O Trem do Vinho, que interliga as cidades da Serra Gaúcha Bento Gonçalves, Garibaldi e Carlos Barbosa, é o segundo com maior movimentação, totalizando mais de 340 mil passageiros transportados (Figura 1). A viagem de 23 km é realizada com muitas atrações que remetem às tradições gaúchas, envolvendo música gaúcha e italiana e degustação de vinhos e suco de uva.
Outra viagem que leva os passageiros ao passado ferroviário é realizada no Trem da Serra do Mar Paranaense, entre Curitiba e Morretes, num percurso de 70 km. Além das paisagens belíssimas e do contato com a natureza, o trecho de serra possui muitas obras de arte importantes, cuja construção no passado foi um grande desafio para a engenharia ferroviária brasileira.
O quarto trem turístico com maior movimentação de passageiros liga as cidades mineiras de São João Del Rei e Tiradentes, num percurso de 12,7 km. A Maria Fumaça e os vagões de madeira transportam, aproximadamente, 150 mil turistas ao ano. O trem Campinas-Jaguariúna também é muito conhecido e visitado pelos amantes do passado ferroviário.
Além de fomentar o turismo, estes sistemas ajudam a manter a memória ferroviária viva na mente das pessoas. O patrimônio ferroviário disponível e utilizado de forma adequada pode ser utilizado para ajudar a retomar o uso deste sistema de transporte de passageiros tão utilizado no mundo.
O turismo ferroviário existe no país, mas poderia ser melhor desenvolvido se políticas públicas específicas tivessem sido criadas na década de 1990 no momento em que ocorreram a privatização das estatais RFFSA e Fepasa.
O Ministério do Turismo disponibiliza a “Cartilha de orientação para proposição de Projetos de Trens Turísticos e Culturais”, voltado para auxiliar instituições públicas e privadas na elaboração de projetos e obtenção de recursos para a construção de trens turísticos e culturais. Clique aqui para acessar a catilha.
A lista atualizada de trens turísticos, culturais e comemorativos está disponível no site da ANTT: https://www.gov.br/antt/pt-br/assuntos/passageiros/passageiros-ferroviarios/passageiros-ferroviarios