Ferrovias de alto desempenho

O sistema ferroviário nacional é formado por 14 concessões ferroviárias, cada uma com suas especificidades em termos de infraestruturas, cargas transportadas e obrigações contratuais. Uma das principais características deste sistema é que as operações estão concentradas em apenas três empresas, consideradas ferrovias de alto desempenho. Em 2017, MRS (MRS Logística), Estrada de Ferro Carajás (EFC) e Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM), juntas, transportaram 82% de toda a carga ferroviária no país utilizando apenas 12% da malha concessionada existente (figura).

Relação das ferrovias de alto desempenho com os portos

Controlada pela empresa mineradora Vale, a EFC transporta minério da Província Mineral dos Carajás ao Terminal Marítimo da Ponta da Madeira, em São Luís (MA). Contando com 892 km de extensão em bitola larga (1,6 metro), a ferrovia entrou em operação em 1985. Atualmente, a sua duplicação está praticamente finalizada. Além do minério de ferro, a EFC também transporta passageiros, entre São Luís (MA) e Parauapebas (PA), e commodities agrícolas, a partir da FNS – Ferrovia Norte-Sul em Açailândia (MA).

A EFC transportou, em 2017, 175 milhões de toneladas de carga, sendo 98% de minério de ferro. Esta ferrovia pode ser classificada como extravertida e unidirecional, pois a movimentação de produtos em direção ao porto é muito superior quando comparada à carga no sentido oposto. É uma ferrovia majoritariamente monofuncional, pois sua operação privilegia o transporte de minério em detrimento de outros produtos.

Apesar do sucesso das operações ferroviárias da EFC anunciado amplamente nos meios de comunicação, os municípios adjacentes à linha ferroviária nos estados do Maranhão e Pará possuem altos índices de pobreza e baixos índices de desenvolvimento humano (IDH) quando comparados aos de outras regiões do país.

Criada em 1904, a EFVM, contando com 905 km de extensão em bitola métrica e linha duplicada, é utilizada pela mineradora Vale para o transporte de minério de ferro do Quadrilátero Ferrífero, localizado nas proximidades de Belo Horizonte (MG), aos portos em Vitória (ES). Ela também realizada o transporte de passageiros em viagens diárias.

O volume total transportado em 2017 pela ferrovia foi de aproximadamente 128 milhões de toneladas, sendo que 91% correspondeu ao minério de ferro. Por atender prioritariamente o transporte de produtos para exportação, essa ferrovia pode ser classificada, também, como extravertida e unidirecional, pois os vagões voltam praticamente vazios no sentido porto-interior.

A MRS, com 1.643 km de extensão em bitola larga, interliga Belo Horizonte com São Paulo e Rio de Janeiro e seus respectivos portos exportadores, Santos, Guaíba, Itaguaí e Rio de Janeiro. Controlada pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e MBR (Vale), transportou 131 milhões de toneladas em 2017, sendo 88% do produto minério de ferro.

As características apresentadas acima indicam que as ferrovias são altamente vulneráveis, pois dependem de um único produto. Qualquer oscilação negativa na demanda mundial pelo minério de ferro, as ferrovias podem perder o sentido. Para a organização de um sistema ferroviário nacional sustentável, é fundamental ampliar os tipos de produtos transportados e aumentar o número de clientes e regiões atendidas.